Gata de aproximadamente 5 anos com sobrepeso. |
- Introdução
O Diabetes Melito é um dos distúrbios endócrinos
mais comuns em gatos. A prevalência vem aumentando a cada dia, principalmente
causada pelo aumento dos fatores predisponentes como a obesidade e o
sedentarismo. Essa patologia é caracterizada por uma hiperglicemia persistente
(>250mg/dL) além de apresentar glicosúria em certo estágio da doença.
Os felinos são mais difíceis de controlar a glicemia
do que em cães. Em alguns gatos a resposta ao tratamento é facilmente
alcançada, enquanto em outros é bastante difícil. O manejo do gato também é
considerado difícil pois pode causar um mau controle glicêmico, porque é mais facilmente
ocorrer uma hiperglicemia por estresse em um gato do que em um cão, podendo
levar a ajustes inadequados da insulina e confundindo a situação.
Cerca de 80 a 95% dos casos de Diabetes Melito em
gatos é análoga da Diabetes Melito tipo 2 em humanos. A doença do tipo 1, ou
seja, insulino-dependente são raras em
gatos. Apenas casos eventuais de filhotes ou gatos com lesões histológicas ou
com anticorpos são consistentes com esse tipo de Diabetes. Se a Diabetes Melito
tipo 2 não for controlada ela pode evoluir para a Diabetes Melito tipo 1, ou
seja, necessitando de aplicações de insulina diariamente (Insulino-dependente).
- Diabetes Melito tipo 2
Na maioria dos gatos a Diabetes Melito tipo 2
é diagnosticada quando já são idosos, com idade cerca de 10 e 13 anos. Esse
tipo de Diabetes também é chamado de não insulino-dependente porque a maioria
dos humanos diagnosticados não necessitava uma administração de insulina para
controlar a doença. Nos gatos, cerca de 5 a 40% com Diabetes Melito tipo 2 não
necessitam de insulinoterapia. A maioria dos gatos não é diagnosticada até que
os sinais clínicos sejam evidentes, como quando a glicemia ultrapassa o limiar
renal (> 252 a 288mg/dL) – apresentando glicosúria.
A predisposição genética e os fatores ambientais
(sedentarismo e obesidade) são fatores que aumentam as chances de um humano
adquirir Diabetes Melito tipo 2 e isso não é diferente no caso dos gatos.
A Diabetes Melito tipo 2 é o resultado de uma
diminuição na produção de insulina juntamente com a deficiência da ação dela,
ou seja, aquela concentração de insulina (que já é menor do que o normal) que
foi produzida, não consegue agir no seu receptor específico nas células. Esse
processo é caracterizado como resistência a insulina, e quando um organismo é
resistente, ele necessita de mais Insulina para produzir o mesmo efeito daquele
que não é resistente.
Logo, um gato com resistência a insulina
sobrecarrega as células beta pancreáticas a produzirem mais Insulina para
suprir esse defeito nos receptores, de modo que causa uma exaustão do
pâncreas. Esses excessos de produção de
insulina para suprir essa necessidade, causa um dano nas células pancreáticas, induzidos
pela oxidação além de provocar apoptose dessas células. Portanto, quando não
são tratados, há uma grande chance de perda total da capacidade do pâncreas de
produzir insulina, fazendo com que a doença evolua para a Diabetes Melito
insulino-dependente.
Nos gatos obesos, há uma grande produção de
insulina. Logo, essa alta concentração de insulina age nos receptores das
células, aumentando a demanda. Quando um receptor é muito estimulado, a própria
célula possui um mecanismo que inativa esses receptores, ou seja, faz uma
internalização. Além disso, gatos obesos possui uma grande quantidade de tecido
adiposo, onde poderá formar uma camada envolta dessas células, impedindo que a
insulina alcance esse receptor, pois forma uma barreira física. Esse é o início
para a geração de uma Diabetes Melito tipo 2. Entretanto, se o gato emagrecer,
ele pode recuperar a sensibilidade à insulina e voltar a ser um animal
saudável.
Obs.: Gatos da raça Birmanês apresentam uma
predisposição maior em adquirir Diabetes Melito tipo 2 em comparação com as
outras raças.
- Causas de resistência à Insulina
- Obesidade
Este é o principal fator de resistência à insulina.
O número de gatos obesos vem aumentando cada vez mais, devido, principalmente, a
uma má alimentação.
- Inatividade Física
- Sexo
- Drogas
- Dieta
- Causas de Redução da secreção de
Insulina
- Deposição de Amiloide nas Ilhotas
- Pancreatite
- Toxicidade de Glicose
- Diabetes Melito descomplicada
Os gatos apresentam os mesmos sintomas clássicos dos
cães: Polidipsia, poliúria, polifagia e perda de peso.
Como os proprietários demoram a perceber esses
sintomas clínicos, o animal só é consultado quando já apresenta fraqueza ou uma
perda de peso muito grande.
- Diabetes Melito complicada
É quando um gato diabético fica sem diagnóstico ou
sem tratamento, podendo apresentar alguma doença sistêmica relacionada a uma
progressiva cetonemia (cetoacidose metabólica)
O tempo para um gato diabético desenvolver uma
cetoacidose metabólica é imprevisível, podendo variar de semanas a meses. Os
sintomas mais comuns em gatos com diabetes complicada são: Depressão, anorexia,
desidratação, letargia, taquipneia e no exame físico é possível perceber uma
hálito cetônico, pois os corpos cetônicos são voláteis.
- Diagnóstico
O diagnóstico de Diabetes Melito descomplicada é
relativamente fácil, como citado anteriormente em Diabetes Melito em cães, há
aparelhos portáteis que medem a glicemia rapidamente, se um gato apresentar uma
hiperglicemia persistente (glicemia > 288mg/dL) juntamente com os sintomas
clássicos, já pode ser considerado uma grande evidência de ser uma Diabetes
Melito.
- Glicemia
- Urinálise
- Concentração de frutosamina
- Tratamento
É de vital importância
regularizar a glicemia do paciente logo após de ter efetuado o diagnóstico,
para evitar ao máximo possíveis lesões das células pancreáticas e ter chance de
ter remissão da doença.
Para os gatos, a insulinoterapia,
hipoglicemiantes orais e modificações na dieta é o tratamento mais
aconselhável.
O objetivo do tratamento é
controlar os sintomas clínicos clássicos e ter um controle da glicemia, sempre
com cuidado para não gerar uma hipoglicemia.
- Hipoglicemiantes orais
- Insulinoterapia
Insulina NPH - Recombinante Humana |
É a terapia mais
recomendada para um tratamento inicial e ao longo prazo da Diabetes Melito em
gatos. As insulinas bovinas e suínas são as mais utilizadas em gatos. A bovina
possui uma ação mais longa que a suína, a de origem humana (recombinante) é a
que possui menor duração de ação.
Insulina Glargina: É um análogo da insulina sintética de longa
duração. Possui um bom controle glicêmico e uma boa resposta clínica. Estudos
comprovam que o uso desse tipo de insulina em gatos diabéticos possui uma taxa
maior de remissão da Diabetes do que com o uso de insulina lenta. Com a administração
de duas vezes ao dia em gatos, esta está sendo uma das melhores escolhas para o
tratamento da Diabetes Melito felina.
- Proprietário, Dieta e Tipos de alimentos
Os proprietários devem ser
orientados para ter um manejo correto do gato diabético, manuseio,
armazenamento e administração da insulina corretamente como também o tipo de
seringa a ser utilizada. A dieta deve ser rica em proteínas e pobre em
carboidratos, esse tipo de alimentação tem gerado um bom controle glicêmico e
uma alta taxa de remissão de diabetes. Porém a combinação ideal de proteínas,
carboidratos, gorduras e fibras são atualmente desconhecidas e exige novas
pesquisas. Normalmente, uma ração que possui uma boa resposta, é a ração de
filhotes, pois possui um alto teor de proteínas. Os principais objetivos no uso
de alimentos específicos é reduzir a hiperglicemia no período pós-refeição,
estimular a secreção de insulina pelo próprio animal e aumentar a sensibilidade
à insulina exógena (administrada por injeções). Para isso, os alimentos
específicos possuem algumas características: Redução da quantidade de amido,
que diminui a glicemia após as refeições; Possui carboidratos de absorção
lenta, que reduzem a velocidade de sua digestão e da absorção de glicose;
Aumento da quantidade de proteínas e de fibras dietéticas, que favorecem o
controle da Diabetes e contribuem para reduzir a absorção de glicose pelo
intestino; Quantidade de gorduras e de fontes de gorduras saturadas reduzida;
Uso de ácidos graxos ômega 3 (não conjugado com o ômega 6) que auxilia no
estabelecimento de concentrações normais de colesterol e triglicerídeos e no
controle da glicemia. Suplementação de L-carnitina (auxilia no transporte de
ácido graxo para dentro da mitocôndria) contribui para suprimir a acidose e
cetogênese que ocorre em diabéticos descontrolados; Possuir antioxidantes. (Ver página de 'Rações Adequadas')
- Acompanhamento
Para ter um bom
acompanhamento, é preciso ter uma boa comunicação entre o proprietário e o
médico veterinário, além de continuar fazendo exames periodicamente para
avaliar a glicemia, além de observar alterações no peso corporal, na ingestão
de água e nos sintomas clínicos.
- Resumo de algumas
complicações
Também poderá ocorrer a
hipoglicemia, que é causada por uma dose elevada de insulina ou uma
administração quando o animal já estiver com remissão da diabetes.
Neuropatia diabética, a causa ainda não é compreendida, porém está relacionada com um mau funcionamento das células de Schwann, afetando a mielinização das fibras dos axônios. O sintoma clínico em gatos com essa complicação é apresentar uma posição plantígrada, não conseguir saltar, possuir tremores e fraqueza. Normalmente está mais evidente em membros pélvicos e é revertida com o tratamento e controle da glicemia.
Esquema simples da estrutura óssea do gato em posição Digitígrada e Plantígrada. |
Nefropatia diabética, é a
presença de insuficiência renal (presente em cerca de 20% dos gatos diabéticos)
É altamente dependente do
comprometimento do proprietário e pela presença de uma doença concomitante. É
reservado em longo prazo. Porém, com o tratamento adequado, o gato diabético
pode ter uma boa qualidade de vida e sobreviva tanto quanto um animal saudável.
a diabete tipo 2 é um aumento na produção de insulina, só que o corpo não responde a ela. Será que em gatos a gente reverte a insulina com AN da mesma forma que revertemos em humanos com HFLC?
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